domingo, 24 de maio de 2009

FANATISMO RELIGIOSO E ESTELIONATO FINANCEIRO

Antigamente, havia o conto do vigário. Hoje, está surgindo o conto do Dirigente religioso. Calote, estelionato, falsidade ideológica, promessa de lugar no céu... São casos de estelionato, abusos de toda a ordem. Tudo em nome de “deus”, (com letra minúscula, mesmo). Afinal, o grupo de eleitos está numa missão e eles são os “autênticos fiéis”, a militância de Deus. Junte-se a isto uma total ausência de respeito, tolerância e a vontade dos seguidores de aceitar qualquer bobagem apocalíptica. Assim temos o quadro completo.


Sempre Desconfie de pessoas sensacionalistas que fazem “previsões” destrutivas e que a qualquer custo tentem induzir você a gastar fortunas para “ajeitarem” sua vida. A crendice popular é uma «morada aberta» aos exploradores das fragilidades exibidas por qualquer cidadão que, em momento de desespero, nomeadamente em casos de doença, recorre ao que quer que seja na ânsia de pôr por ponto final ao seu sofrimento. Os sintomas do fanatismo, em grupo, são: orações, privações, peregrinações, jejum, discursos e martírios que podem terminar com o sacrifício da própria vida visando salvar o mundo das "trevas" ou do que ele entende ser "o mal". Ao menos quando os fiéis estão vendo...


Charlatões religiosos são o que mais há e existem histórias carregadas de misticismo, com solo fértil em mentes mais sugestionáveis O discurso dos Estelionatários Religiosos é puramente mercantilista, com a finalidade única do lucro, do benefício, enriquecimento pessoal. Desenvolve-se disfarçado nos bastidores, sempre atacando o respeito às liberdades individuais. O que interessa é o lucro. O Estelionatário religioso sempre procura e encontra um povo desesperado, que está disposto a pagar caro pelo alívio do seu sofrimento ou pela recompensa da sua ganância.


Um dos aspectos mais assustadores no fanatismo religioso é o fato de que os “iluminados”, precisamente porque se assenhorearam da verdade absoluta e são os procuradores de Deus para todas as questões humanas, nunca reconhecem um erro e não hesitam em valer-se da mentira para caluniar aqueles que eles julgam inimigos da causa.


São pessoas assim que fizeram algumas das coisas mais escabrosas da história da humanidade: Inquisição, Cruzadas, Guerras Religiosas, Escravidão, Conquista das Américas (com o extermínio de 80% dos índios), perseguições religiosas, conversões forcadas de inúmeros povos à força das armas, etc.… É incrível como dezenas de milhões de pessoas tenham sido perseguidas, torturadas, massacradas, assassinadas, esfoladas, queimadas, decepadas, evisceradas, quebradas, enforcadas, mutiladas, etc.


O discurso de tais farsantes, nas entrelinhas deveria ser esse: - “Dai mais dinheiro, dai mais do que 10%, dai tudo o que tiverdes e, se morrerdes de fome ireis para o Céu, direto, de carona em algum dos carros que foram comprados paras os filhos do estelionatário, carros este que utilizam para ir e voltar das boas e caras escolas particulares... esse dinheiro que vem do trabalho honesto e suado dos devotos. É muito consolador, Ó Irmãos, saber que a família do estelionatário pode viver em paz e conforto. Orai pelo estelionatário religioso, irmãos, ele é um enviado de DEUS. Aleluia, Irmãos!”.


Quem tem o espírito do fanatismo não dialoga, pois todos os que não concordam com suas idéias são infiéis, heréticos, merecem serem queimados nas fogueiras da inquisição. Está convencido de que só sua verdade há de prevalecer. Os textos religiosos tomados literalmente, fornecem a sustentação "teórica" do discurso do estelionato; acredita estar de posse de toda a verdade e por isso não se dá ao trabalho de levantar possíveis dúvidas, como confrontar com outro ponto de vista, ou desvelar outro sentido de interpretação. O fanático tem certeza e isso lhe basta.


Foi fanatismo religioso que fez muitos seguirem Jin Jones (Templo do Povo), Asahara (Verdade suprema), David Koresh (Ramo Davidiano), Jo Dimambro (Templo Solar) e tantos outros místicos ou charlatães que terminaram causando tragédias coletivas, noticiadas no mundo todo. A história conheceu também os histerismos coletivos da "caça as bruxas", a perseguição aos negros, índios, comunistas, homossexuais, prostitutas. O movimento da Jihad islâmica contra os "infiéis do ocidente" e a "guerra aos terroristas" do oriente.


O fanático desrespeita, desconsidera, é intolerante quanto ao modo de ser, pensar e agir do outro. Quer dominar o mundo de todas as formas com sua crença, pregam intolerância multirreligiosa, multicultural e multirracial, usando o espaço de liberdade democrática para espalhar o seu ódio e sua crença.


Quem tem telhado de vidro não atira pedra no telhado alheio. Ao invés de se preocuparem tapando o sol com a peneira, determinados “religiosos” devem se ater aos verdadeiros lobos em forma de cordeiro. Está na hora de tirar a sujeira escondida por debaixo do tapete. Estes religiosos que se “mostram revoltados” com a situação política das instituições do país, não dizem o que fazem e com quem fazem nas noitadas. Isso também é estelionato religioso. É vender uma imagem que não existe. Por exemplo, enquanto o Vaticano reprimia a Teologia da Libertação de Leonardo Boff, através do “cala boca” do Cardeal Ratzinger, (Atual Papa Bento XVI) patrocinava a entrada ilegal de vultosas somas na Polônia, para financiar o Sindicato Solidariedade e desestabilizar o governo polonês, num esquema de lavagem de dinheiro que envolvia os cardeais Cody, Marcinkus e Vojtyla (leia-se David Yellop).


O Banco Ambrosiano, em Roma, pertencente ao Vaticano, tem muita história pra contar...


O discurso que tais estelionatários utilizam é sempre o mesmo: a proximidade do fim do mundo, “profecias” e “aparições” que “confirmem” os “sinais” de que o fim dos tempos está muito próximo e o “Anticristo” já está circulando por aí... O quadro se completa se, além disso, for possível identificar um inimigo (real ou imaginado) responsável pelo atual período de decadência.


Conheço até um destes estelionatários religiosos, de uma pequena cidade aqui de SC que “inventou” um novo purgatório ( não reconhecido pela igreja católica, é claro!!) no qual existem "tantos Milhoes de almas"... uma salinha de espera do purgatório...e que vive rezando em Igrejas e cemitérios para “salvar almas”...obviamente, tudo isto bancado pelos “donativos” dos fiéis...viagens e mais viagens, que já incluíram Holanda, Portugal, Itália e carros novos para os filhos. Tudo isso “salvando” almas...até que levou um "corridão" dos filhos de uma "seguidora" na Holanda...


O estelionatário religioso usa argumentos pouco racionais, mas de grande efeito. Deus dá as coisas e faz o que quer. DESDE QUE ELE GANHE SUA PORCENTAGEM. Logo, se promete em nome de Deus, as chances de sucesso do golpe são grandes. Principalmente, se a vítima tem fé e segue uma religião cegamente. A possibilidade de uma pessoa lograr outra é quase infinita na religião.


Suas vítimas geralmente são as categorias econômica e intelectualmente mais baixas da população, com pouco acesso ao estudo, sendo mais crédulos, humildes e devotos das tradições religiosas mais arraigadas. É A PARCELA MAIS FÁCIL DE SER ENGANADA. Tornam-se as vítimas pelo ESTELIONATÁRIO RELIGIOSO, sempre dotado de um elevado componente de picaretagem e, por que não dizer, de ESTELIONATO FINANCEIRO que discrimina, ridiculariza e tripudia sobre a espiritualidade de outras religiões, reportadas como algo merecedor do "fogo eterno" e "coisa do demônio". A liberdade de pensamento é simplesmente suprimida pelo fanatismo religioso. O que está por trás dos novos fanatismos religiosos – independente de qual segmento religioso – é o seu principal perigo: quando o fanático religioso tenta reger as vidas de outras pessoas.


É preciso, sem dúvida, desenvolver o senso crítico contra os desvios da intolerância, do fanatismo e de certas manifestações de estelionato religioso. Mas não ocultemos os estragos causados. O fanático acha que pode exorcizar pessoas e coisas “possuídas pelo demônio", "combater as forças do Mal" ou "salvar a humanidade" do caos.


Estes estelionatários, verdadeiros “nazistas” que se fazem passar por líderes religiosos, ameaçam á todos de excomunhão. Para começar: só pode ser excomungado quem é e segue o catolicismo, que isso fique claro. Não adiantar “dar piti” e ficar vociferando para chamar a atenção... Principalmente quando não se consegue nem governar a própria casa. Indivíduos que sempre visam o lucro, na mais completa falsidade, são sempre os mais agressivos. Não querem dialogar, acham-se donos do mundo e de todos. E querem controlar a tudo.


O fanatismo é uma reação do recalcado do inconsciente do indivíduo. O fanatismo é alimentado por um sistema de crenças absolutas e irracionais que visa servir à um ser poderoso empenhado na luta contra o Mal. Para o fanático religioso, não basta adorar um Deus visto como Senhor absoluto, é necessário ser soldado dele na terra, lutar pela causa superior, pregar, exorcizar, forçar os "infiéis" ou "divergentes" à conversão absoluta, à qualquer preço.


O fanático não fala, faz discursos; é portador de discursos prontos cujo efeito é a pregação de fundo religioso ou a inculcação política de idéias que poderá vir a se tornar ato agressivo ou violento, tomado sempre como revelação da "ira de Deus". O fanático usa o discurso delirante, declarações, comunicados, que jamais se voltam para escuta ou o diálogo, exercício esse que faria emergir a verdade - não a "certeza". Acredita que "vale tudo" para difundir a "verdade única" que o tocou e o transformou para sempre.


O fato do sujeito se ver como o único que está no lugar de certeza absoluta, de "ter sido escolhido por Deus para uma missão", já constitui sintoma suficiente para muitos psiquiatras diagnosticarem aí uma loucura ou psicose. Pois visa de fato destruir em atos calculados "os impuros", "os infiéis", enfim, todos os que não concordam com ele. É "obra do Senhor", "o Senhor quer que eu faça", "foi a mão de Deus", "O único Deus é Allah", "só Cristo salva", "Jesus Cristo é o Senhor", "somos o Bem contra o Mal", "Em nome do Senhor Jesus eu ordeno..." etc. São mais do que frases, são efeitos de uma poderosa "fantasia da eleição divina" típico discurso delirante da salvação messiânica.


Outro indício de fanatismo é quando se perde o sentido de respeito e humanidade para com os diferentes, em nome de uma causa transcendente. Todas estas afirmações possuem uma visão que nega outros modos de crer e pensar. O mundo fanático foi dividido entre "os eleitos" e os que continuam nas trevas e que precisam ser salvos ou serem combatidos por todos os meios, pois "são forças do mal".


Faz parte da estratégia para atrair pessoas para novas seitas e igrejas, investir em programas produzidos para solitários que sofrem insônia e depressão nas madrugadas. Os desesperados sentem-se acolhidos com tais palavras mágicas e facilmente se sentem inclusos e maravilhados pela ilusão de nova vida e sentimento extremo de felicidade, numa igreja em que o fanatismo é o seu ponto cego. Existe em cada fanático um fascista camuflado, pronto para emergir em atos de exclusão e eliminação.


O sentimento que no fundo sustenta o fanatismo não é a fé, nem o amor, mas o ódio e a intolerância. O desejo do fanático "autêntico" é dominar o mundo com seu sistema de crença cheio de certeza. No plano psíquico, o lugar do recalque torna-se depósito de ódio e desejo de eliminar todos os que atrapalham o seu ideal de sociedade. Certa dose de paciência doutrinada o faz esperar-agindo para que a "idade de ouro puro" possa um dia acontecer.


São tão fanáticos os terroristas - suicidas muçulmanos como os fundamentalistas cristãos norte-americanos que atacam homossexuais, proíbem o ensino da teoria evolucionista de Darwin, obrigando aos professores ensinarem a doutrina criacionista tal como está na Bíblia, ou ainda, os protestantes da Irlanda do Norte que atacam crianças católicas ou os bascos que querem ser um país independente a qualquer preço, por meio do terror.


Concluindo, resumimos que, previne-se o fanatismo com uma educação de boa qualidade, que saiba promover a cultura geral, a tolerância e o respeito.

domingo, 10 de maio de 2009

Manual EPC para criação de Grupos Especiais

Esta postagem vai para aqueles sujeitos que profissionalmente se acham melhores que os outros; são aqueles “especiais” que quando estão juntos não falam com ninguém, fazem mala e quando estão sozinhos parecem crianças sem atenção...lembrando deles e para rir um pouco, aí vai:

P.S: Aprendam a preencher uma notificação de trânsito antes...sejam humildes...assim não precisam mais me chamar, já que são especiais...eh eh eh....

Manual EPC para criação de Grupos Especiais por Décio Leão *

A proliferação de grupos policiais que se intitulam “Operações Especiais” aumentam a cada dia. Todas as corporações querem ter um grupo desse tipo e às vezes até uma unidade policial convencional quer inventar um serviço especial, diferenciado, que é claro, irá ter o nome de “especial”.


A E.P.C. International (Embusteration Picaretation Corporation), tradicional organização mundial de embusteiros, incorporando-se ao espírito dos grupos especiais, colabora com a proliferação dessas hordas nos meios policiais através deste manual prático, que apresenta em dez lições, como criar um grupo especial.

1. SIGLA

É a primeira coisa que um grupo especial deve criar para poder ser um grupo especial. Antes de selecionar e qualificar pessoal, de adequar à legislação corporativa ao grupo e antes mesmo de operar, o grupo tem que ter uma sigla.
O grupo especial mais famoso do mundo, a SWAT de Los Angeles, chama-se oficialmente, apenas “Pelotão D”. Que coisa mais sem graça.

A sigla é fundamental para o marketing e para a identificação do grupo. O nome vem depois. Aliás, o nome tem tão pouca importância, que deve ser adequado à sigla, ainda que pareça uma coisa ridícula e sem nexo. Dê preferências a nome de bichos bravos e da fauna exótica. Afinal, quem liga para o nacionalismo.

A sigla pode ainda ser baseada em onomatopéias e ações. Para quem não sabe inglês, SWAT significa “tapa”. Alguns exemplos que ainda não foram explorados:

• G.O.R.I.L.A. - Grupo de Operações de Resgate, Intervenções Letais e Assaltos;
• P.O.R.R.A.D.A. - Pelotão Operacional de Repressão a Roubos, Assaltos e Desativação de Artefatos explosivos;
• L.E.O.P.A.R.D. - Liga Especial de Operações Policiais e Ações de Repressão a Delitos.

Obs: Se tentar escolher o nome primeiro, pode causar constrangimentos para o grupo, como ocorreu com a Brigada Independente Contra Homicídios e Assaltos (B.I.C.H.A.).

2. UNIFORME

A segunda coisa mais importante para criar um grupo especial é o uniforme diferenciado. Se o uniforme não for bem diferente da sua corporação policial, não existirá então razão para o grupo ser especial. Especial significa acima de tudo, ser diferente. Como o grupo especial vai operar se usar a mesma roupa dos demais policiais? Impossível. O hábito faz o monge.

Escolha um uniforme bem espalhafatoso, com muitos bolsos. Ponha bolsos nas pernas, nas mangas, na jaqueta, onde for possível, mesmo que você saiba que nunca vai usar tantos bolsos e que eles até atrapalham o uso dos demais equipamentos. Mas dão um visual bem legal e imagem é o que importa.

Preto e camuflado urbano são as cores preferidas, mas não são suficientes. Coloque adereços para chamar a atenção, como braçais cheios de letras de metal (isso também atrapalha a ação operacional, mas quem liga para isso) e boinas coloridas. Preferencialmente vermelha, ainda que a boina vermelha seja tradicionalmente a boina das tropas pára-quedistas.

3. BREVÊ

Grupo especial que se preze tem que ter um brevê bem embusteiro. E o pessoal não se contenta com símbolos simples, práticos, objetivos, de fácil identificação visual. Olha que coisa mais sem graça os símbolos da Volkswagem, do Mc’Donalds e da Microsoft, que a gente bate o olho e já sabe o que significa. Esses especialistas em comunicação visual estão por fora. Não entendem nada de grupos especiais.
O brevê de um grupo especial tem que mostrar tudo o que o grupo faz. Quanto mais cheio de bagulhos, mais operacional será a imagem do grupo.

Dicas para fazer um bom brevê de grupo especial: ponha uma caveira. Todo grupo especial brasileiro tem uma caveira. Uma caveira bem feia, zangada. Ponha agora uma faca. Pode ser de baixo para cima, de cima para baixo, de lado, de frente para traz. Mas ponha a faca. Ponha agora uns raios. Uma boina. Um chapéu de selva. Metralhadora e fuzil. Não pode faltar a metralhadora e o fuzil cruzado. Que tal agora por no brevê uns ramos, umas folhagens, talvez uma floresta inteira, pois o grupo especial também atua na selva.

Está faltando um cara descendo de rapel. Ele pode sair do olho da caveira e invadir o nariz, ao mesmo tempo que uma viatura dá um cavalo-de-pau na boca da caveira e um grupo tático arromba a porta do prédio próximo ao pescoço da caveira. É bom achar um lugar para o “sniper” e para os mergulhadores de combate. Faltou alguma coisa? O PÁRA-QUEDAS!!! Cadê o pára-quedas? Ponha um pára-quedas.

4. ARMAS

Muitas armas. Um grupo especial precisa estar bem armado, preferencialmente com armas frias, de origem duvidosa, calibres não convencionais, que tornem impossível qualquer rastreamento ou perícia. Ainda que oitenta por cento das ocorrências com reféns sejam solucionadas sem o uso de armas de fogo e que a maioria dos tiroteios ocorram com armas curtas e ainda que ninguém saiba usar as armas (e às vezes sem saber para que servem essas armas).

A quantidade de armamento deve ser capaz de impressionar qualquer colecionador. No mínimo, três pistolas e um fuzil para cada operador do grupo. Aonde enfiar esse monte de armas? Pergunte aos presidiários. Eles têm técnicas muito boas.

5. VIATURA

A viatura do grupo especial precisa ter basicamente, insufilm. Transparência meio por cento. O vidro tem que estar preto o suficiente para ninguém ver o que se passa dentro da viatura. A pintura externa também precisa ser bem caracterizada, com um monte de penduricalhos, logotipos e é claro, a marca do patrocinador.

Como já foi apresentado anteriormente, a viatura tem que ser diferente. Se ficar parecida com as viaturas da corporação, não será viatura de grupo especial. Nada de pinturas de discretas, apenas para identificação interna. Tem que aparecer bastante. Na dúvida, pendure uma melancia.

6. CURSO

A formação de um policial de tropa especial não é fácil. Tem que ser forjado à moda antiga, como nossas avós faziam pão caseiro. Muita porrada na massa.
Basicamente, o curso precisa de três elementos: corrida, flexão e água. Comece o curso correndo loucamente, sem parar. A primeira corrida só termina quando pelo menos cinco participantes pedirem desligamento do curso.

Em seguida, aplique flexões de braços, cangurus e outros exercícios físicos até a fadiga muscular completa. Se ainda sobrarem candidatos ao grupo especial, jogue-os em uma piscina funda até alguém se afogar. Não importa que a porcentagem de ocorrências do grupo especial em ambiente aquático seja zero. O que importa é mostrar o quanto é difícil fazer parte do grupo especial.

Importante: Esqueça técnicas policiais, táticas, treinamento de tiro e avaliações psicológicas. Isso custa caro e pode mostrar aos novos candidatos um lado obscuro do grupo especial que não precisa ser mostrado para ninguém.

7. CHEFE APARECIDO

O chefe é a alma do grupo especial. Ele tem que carismático e boa pinta, mas principalmente aparecido, vaidoso, arrogante e orgulhoso. Afinal, é ele que irá divulgar o grupo especial, estar à frente das entrevistas, nas capas de revista e manchetes dos jornais. Imaginem um chefe de grupo especial que não gosta de mostrar o rosto na imprensa, como os ingleses do SAS ou os franceses do GIGN? Esses europeus não sabem o que estão perdendo em termos de popularidade. Sem dizer que são um bando de medrosos paranóicos, achando que os terroristas são vingativos.

E a atuação artística do chefe aparecido não pode se limitar em sair abraçado com bandido no final da ocorrência. Tem que aparecer em programas de entrevistas, colunas sociais e em ocorrências de outras especialistas, como brigas em jogos de futebol televisionados e quem sabe, puxar o trânsito durante uma boletim especial do telejornal.

8. IMPRENSA

A tropa é o reflexo do comandante, já dizia o antigo ditado militar. O grupo especial não pode perder as oportunidades de aparecer na imprensa. Como diz o lema, “ser e aparecer”. Tem que estar sempre na mídia. Use todos os recursos da vida moderna: jornais, revistas, televisão, internet e tudo mais que possa divulgar o grupo “mais secreto da polícia”. Sim, porque se não houver a chamada de que o grupo é ultra-secreto, a “arma” mais bem escondida da polícia, pela primeira vez (na semana) revelada aos telespectadores, tão secreto, mas tão secreto, que nem suas mães sabem onde trabalham, com certeza não haverá audiência.

Apresentação padrão que não pode faltar ao grupo especial: descida de rapel com invasão de sacada e tiro em bexiga. Além da imperdível entrevista do chefe aparecido com a tropa ao fundo, todos com bala-clava e empunhando armas. Matéria no programa do Otávio Mesquita é o bicho, mas se conseguir aparecer no banco de convidados especiais da Luciana Gimenez, será a glória do grupo especial.

9. PACTO SECRETO

O penúltimo, porém não menos importante elemento de criação do grupo especial é o pacto secreto entre seus integrantes. Vale qualquer tipo de ritual místico que dê um ar de compromisso sagrado: beber sangue de galinha, furar o dedo com a faca especial do grupo, usar o anel secreto, tatuar o símbolo do grupo no peito.

O mais importante é que os integrantes do grupo especial se sintam como uma polícia à parte da corporação, acima das leis, regulamentos e dos comandantes. Aliás, acima até mesmo dos demais colegas de trabalho, que a partir de agora devem ser encarados como uma sub-raça, seres inferiores, de pouca luz, que não possuem as mínimas condições de sequer limpar as botas do grupo especial.

A postura dos integrantes do grupo especial é fundamental para o sucesso do grupo: silêncio absoluto, reuniões secretas, jamais comentar o que ocorreu com outras pessoas, principalmente se ocorreu alguma desgraça na ocorrência (que foi por culpa do refém, provavelmente). Nunca cumpra ordens superiores. Lembre-se de que o grupo especial está acima dessas frescuras.

10. ESCÂNDALO

Todo grupo especial tem seu escândalo. Morte de reféns, execução filmada pela velhinha da janela, envolvimento com traficantes e outros criminosos, chefe denunciado por corrupção. Vale qualquer tipo de escândalo. Mas não se preocupe com esse item, pois seguindo as dicas deste manual, somando-se a incompetência do chefe, a incapacidade técnica, incompetência, arrogância e orgulho, logo levarão o grupo especial à ruína.

Com sorte da sociedade, isso poderá ocorrer antes mesmo que o grupo comece a atuar. Boa sorte e que Deus nos proteja.