quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

DE HOMEM PARA MULHER...

“O amor mostra sinais que não podem ser equivocados”.
Voltaire


Vivemos uma época de debates e descobertas. Acho interessantes os vários pontos de vista em determinados programas e revistas, mas sempre noto que há poucos homens dialogando nos mesmos.


Como homem, e tendo em meu círculo de amizades várias mulheres, de idade, cultura, grau de instrução e profissões variadas, já ouvi algumas vezes estes comentários: “...Todos os homens são iguais”, “...homens são insensíveis...”, “... são individualistas...” “... por quê agem assim ? ...“.


O senso comum não é tão comum assim...


Vale a pena lembrar que, acima de tudo, para se compreender ambos os lados é necessário cada lado tentar conhecer o outro, não com preconceitos e suposições. Tentar conhecer o que há de belo no oposto e saber aproveitar isso ao máximo.


Do que a mulher gosta? O que ela quer? É o que todos os homens se perguntam. Como eu tenho que ser para agradá-la? Como eu tenho que tocá-la e beijá-la? Como atraí-la? E no sexo, o que devo fazer para ser um bom parceiro sexual?


Ao adquirir maior consciência de sua sexualidade e condição humana, após séculos de quase total submissão, a mulher procura atingir e mostrar todo o seu potencial intelectual, social e humano.


Homens e mulheres são diferentes, tanto no aspecto físico, como nas suas respostas psico-sexuais, mas principalmente na forma de ver, sentir e praticar o relacionamento. No relacionamento de um casal, por exemplo, há muitas diferenças, desde necessidades e maneiras como devem ser supridas até a forma de ver o mundo e as pessoas.


Mulheres gostam de se sentirem desejadas e queridas; amadas tanto pelo interior como pelo exterior; pelo intelectual e pelo físico. Gostam de fazer amor e não sexo.


Para a mulher, sentir que o seu corpo é aceito, sem precisar ser “perfeita” e ter os seios e o corpo de modelo capa de revista Playboy, ser alvo da atenção do homem, dentro e fora da cama, a conversa, o namoro, o beijo, cumplicidade e carinho são essenciais para manter o relacionamento, inclusive o sexual. Tudo faz parte de um universo interessante a ser cuidadosamente desvendado.


Por mais incrível que pareça, nós homens também temos nossas reclamações quanto á algumas coisas em nossos relacionamentos... demora na hora de sair, dúvidas na escolha do vestido para ir a um casamento, atenção a todo instante... É importante lembrar que, generalizando-se, culturalmente os homens foram e ainda são educados para ser o “chefe da casa” (alguns acreditam que somos, fazer o quê???...) e isto inclui ser provedor do lar, responsável por sua família, prole e companheira (ainda que não dedique quase nenhum tempo para isto).


Este “papel antropológico” do homem, pseudo-desempenhado por gerações nas sociedades patriarcais e não tântricas, sempre deu ênfase ao comportamento do caçador e do guerreiro, em detrimento da sensorialidade voltada para o carinho e afetuosidade. Porém, conheço homens que se derretem verdadeiramente quando falam de suas companheiras ou ao simples contato das mãos de uma mulher em seu rosto. Por quê ficar vexado em expor tal fato?


Os homens, não raro, pensam que não são desejados, pois as mulheres não manifestam seus sentimentos com a mesma intensidade. É mais que interessante que as mulheres saibam que os homens também têm seus receios e que existem ótimos homens em busca de mulheres que saibam o que procuram e que também ofereçam o que tanto cobram.


Assim como muitas mulheres adoram todo o ritual de côrte, carinho e romance, o mesmo acontece com muitos homens, porém sempre deve ser observada a educação, sensibilidade e delicadeza que tal momento exige. Em tempo: delicadeza não significa frescura, que isto fique bem claro. Assim como o homem não pode agir como um “predador faminto”, o "lobo solto da jaula” ou o “galinha”, a mulher não deve agir como “dondoca”, “mandona” ou “cachorra” (perdoem o palavreado). Tais posturas levam á demolição de todo o respeito que se busca.


É muito evidente que para ambos os sexos, muitos dos problemas existentes devem-se á falta de flexibilidade de ambos, implicando no endurecimento do diálogo, quando este existe e, a meu ver, na detestável e ridícula frase:


“- Quem gostar de mim terá que me aceitar assim; nunca vou mudar...”


Vale a pena refletir sobre isto. Observando diversos programas e entrevistas em emissoras de televisão, pesquisas acadêmicas de certos institutos e universidades, é surpreendente o que se descobre. O que se está escrito nas entrelinhas. Generalizando-se, em ambos os sexos buscam-se pessoas “cultas”, e quando são questionadas sobre o que seria uma pessoa com tal perfil, a resposta” é uma pessoa que lê muito...”. O divertido de tudo isto é que, quando um apresentador perguntou para uma entrevistada qual o último livro que leu, obteve como resposta um sorrisinho amarelo e um desajeitado “ não gosto de ler, detesto...”


Numa visão simplista, cobrava o que não oferecia...Inteligência e acréscimo de cultura são como músculos, precisam ser exercitados para aparecer...e devem ser ostentados com tranqüilidade para não parecerem arrogantes e agressivos...



Mulheres querem amor, paixão, respeito, cumplicidade, carinho, dedicação, educação, sinceridade ... Mas e nós homens, o que desejamos e esperamos de uma mulher?


Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras, sonhos e fantasias. Que nos faça entrar em transe, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado ou no chuveiro...esquecer o futebol e a cervejinha com os amigos...ficar com cara de bobo, rindo para o passarinho que insiste em permanecer pousado na fiação do poste e “otras cositas más “. Não queremos que seja nossa mãe ou irmã, mas simplesmente a mulher a que dedicamos nosso amor, nosso carinho e nossa vida.


Também é extremamente apaixonante ver a mulher que amamos sair para o trabalho como uma guerreira, admirar sua conversa descolada e suas idéias do mundo...ela pode ser moderna sem perder a essência feminina. O homem sente-se orgulhoso em ter a seu lado, e não atrás como algumas mentalidades doentias dizem; uma mulher que demonstre ser profissionalmente sucedida, independente da área em que atua; que procure estar bem informada sobre diversos assuntos e mostre que é uma pessoa que goste de progredir, mas sem o “afetamento demagógico” que algumas utilizam para chamar atenção (“... não acredito em amor, só existe casamento por interesse...”).


E o amor não é um interesse?


Quando uma mulher começa com tal conversa, ao invés de mostrar uma imagem sofisticada, passa a ser considerada vulgar.


Há um ditado indiano que diz “ o homem sem a mulher é um cadáver “. Simplesmente ele não tem vida.


Adoramos as mulheres por diversos motivos: pelos olhares que amolecem o coração mais duro; pela maciez dos seus cabelos quando tocamos com a ponta de nosso dedos quando nos deixam acariciá-los; por vibrarem tanto com uma singela rosa quanto com uma jóia presenteada; por quando estamos intranqüilos nos darem um colo, permitindo-nos tirar um pouco das preocupações do mundo de nossa mentes; pelo jeitinho infantilmente delicado como chamam nosso nome nos momentos de carinho...não basta saber conquistar. É necessário saber seduzir...


A verdade também faz parte do jogo, pois as mentiras levam a mágoas que deixam sempre cicatrizes que afetam relacionamentos. Dizer a verdade dá menos trabalho que inventar qualquer mentira e quando se usam as palavras corretas, assumirmos nosso erros e limitações pode até ter certo senso de humor e garantir muitas risadas.


Cabe aos parceiros saberem compreender que o outro é diferente e não tem os mesmos desejos e necessidades que ele ou ela. Entender que há uma beleza na diversidade e que se ambos conseguirem tirar proveito dela serão muito mais felizes... Felizes dos homens e, com certeza, também das mulheres que conseguirem perceber isto.


Como diria Voltaire, “Se não descobrirmos nada prazeroso, pelo menos acharemos algo de novo “.

Um comentário:

  1. Muito bom seu pequeno estudo sobre as relações entre sexos. No mundo atual, onde impera o imediatismo dos sentidos incentivado pela grande oferta de informação existente (mídia em geral, Internet, "Big Brothers" da vida, games...) as pessoas têm valorizado muito mais seus desejos e sentimentos em oposição ao que seu parceiro deseja, sente ou tem a opinar. Assim, sempre se anseia pelo próximo " capítulo" (seja lá ele do que for...) e, ao outro(a), fica relegada a função mesquinha de nos agradar e satisfazer sempre. E que seja breve esse "sempre" porque, para a maioria dos humanos do século XXI, parece que relações sentimentais não devem estar acima de outros interesses ou nos privariam de suprir nossas necessidades imediatas, em prejuízo do que poderíamos apurar se dedicássemos um segundo olhar ao nosso parceiro(a). Quanta coisa poderíamos descobrir de interessante e belo se, apenas por alguns instantes, parássemos e nos puséssemos no lugar do outro... Talvez esteja aí a razão de tanta intolerância para com o próximo, em geral, e de um dos maiores males dos últimos tempos: a solidão, que afeta, principalmente, os habitantes das grandes cidades que buscam o "Império dos Sentidos", mas não o "Império dos Sentimentos". Parábens pelo Blog e muito sucesso, Companheiro Alves.

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